O processo construtivo levou quase seis anos e, se Eduardo tivesse escolhido outro terreno, talvez não conseguisse chegar até o fim. Foram anos de muito trabalho, começar tudo do zero, pesquisar todos os detalhes e executá-los literalmente com as mãos. Ele nem sequer chegou a pedir licença à prefeitura para construir a bola, porque sua idéia era realizar uma maquete que depois seria jogada fora, com lonas ou tábuas de obra. Pensou inicialmente em fazê-la com 5 m de raio, mas o tamanho do terreno não permitia. Em 1974, a estrutura estava pronta, composta de tubos metálicos ocos, dispostos sobre a forma de meridianos e paralelos, e com 4 m de raio. Acabou se decidindo pela argamassa armada, com 2 cm de espessura, para a vedação externa.
A idéia inicial era fazer uma casa mais livre, sem paredes ou divisões. No processo, percebeu que se tornaria difícil propor simultaneamente uma nova forma para um estilo de vida também novo. Resolveu então reproduzir o tipo de apartamento mais procurado pelas imobiliárias, com suítes, lavabo social, quarto de empregada etc., num esquema de vida bem convencional.
O desafio foi efetuar isso de forma absolutamente não convencional, de modo que cada peça colocada ali dentro pudesse ser feita por ele próprio, ainda na busca de essência. “Minha intenção foi examinar todos os elementos de uma casa, fazer perguntas: o que é uma pia, um puxador de portas, um sofá? A pesquisa era muito pragmática. Eu não tinha idéia de como era um vaso sanitário por dentro. Comprei um numa demolição e quebrei para construir o meu, incluindo o sistema da descarga”. (…) Seu sonho era ter um grande molde onde pudesse ser injetado um material polivalente, o plástico. Pesquisando algo de máxima industrialização, fazendo-a artesanalmente. (…) Finalmente a casa foi concluída em 1979. O resultado surpreendeu. Eram 100 m² de piso organizados em meios níveis.’
Vale ainda conferir os outros dois projetos atrelados a este: a casa sobre a qual foi feita a bola, um retangulo cortado diagonalmente para funcionar como casa e escritório do arquiteto, e a casa bola de 1983, feita para os seus pais. Esta segunda, apesar de mais espaçosa e bem executada que a primeira, a meu ver perde um pouco do conceito da primeira ao depender de uma grande área anexa com áreas de serviço e garagem, seguindo moldes absolutamente tradicionais. Em todo caso, deixo aqui registrada minha admiração pelo trabalho do Sr. Longo, ainda mais sendo ele um dos maiores visionários da arquitetura brasileira.
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Fonte: www.rseefo.com.br